Estrela miúda: breve romance infinito

Estrela miúda é uma música antiga do compositor João do Vale, bem cantada na voz de Maria Bethânia e Elba Ramalho. Em suas estrofes, “estrela miúda que alumeia o mar / alumiá terra e mar / pra o meu bem vir me buscar”.

Fabio Daflon foi buscar na luz dessa estrela miúda, cuja luz é tão forte a ponto de guiar amantes, a inspiração para biografar a vida de sua irmã caçula, que morreu precocemente vítima de uma apendicite. Na bela publicação da editora Cousa, em formato diferenciado, papel couché e fotografias de época, Fabio faz Cristina reviver apenas porque não pôde lhe dar o último adeus. Remonta a Portugal e aporta no Rio de Janeiro, mais especificamente no terreno da Travessa Baronesa, no atual bairro de Fonseca, Niterói.

Como o prefaciador narra, “não importa se é ou não de primeira grandeza. Sua história é comum dentre tantas que acontece nessa tragédia que é a vida. Daí o que tem de belo em ser miúda. Pequena, mas marcante para todos nós.”

Recriando a vida de Cristina, Fabio Daflon redesenha o século XX no quintal de Niterói e faz da saga familiar um exemplo da vida cotidiana entre a roça e a universidade de medicina, entre os Beatles e os violões simples dos estudantes do científico, entre os sucessos mundiais da Copa de 1970 e a inauguração da cidade-capital de Brasília, entre o biquíni duas-peças e o smoking no Theatro Municipal do Rio de Janeiro.

O autor se formou na medicina em 1978, mas descobre que, estranhamente, sua irmã continua brilhando feito estrela dentro dele e, apesar de sua ausência, certamente ainda ilumina seus caminhos. Seu brilho só mudou de lugar, mas continua infinito. Talvez um dia venha para lhe buscar. Pode ser que seja este o “segredo da viagem”. Pode ser também que seja um outro. Bem, só viajando para desvendá-lo.

FONTE:
in: http://www.boletimleituras.com.br/estrela-miuda-breve-romance-infinito/
Por: Paula Cajaty - Fev 28, 2012
acessado em: 25-07-2017

Biografia, Autobiografia, Memórias