O substantivo "vida" é uma abstração. Ele denota uma condição biológica ou categoria que, seja na frase "reverência pela vida" ou "a santidade da vida", é ainda abstrata demais para entrar no discurso da ética da virtude. Como uma abstração, a noção de "vida" encaixa-se facilmente nos discursos da teologia e da moralidade. Porquanto esses discursos descrevem os nossos deveres em termos universais, objetivos e absolutos, eles só podem usar uma linguagem generalista, mas não captam os momentos de envolvimento íntimo com o que é precioso e vulnerável nas situações concretas nas quais a virtude é demandada. A ética da virtude é particularista: ela fala de coisas específicas. Portanto, ao invés de falar da "vida", devemos falar de seres vivos em particular. Isso implicará em divergentes compromissos com a ação quando aproximamo-nos dos animais, da biosfera ou de outros seres humanos. E, nestes últimos, implicará em respostas divergentes dependendo da condição do ser humano diante de nós.