Como se tivesse uma objetiva dotada de poderoso zoom temporal, Luiz Ricardo Leitão nos conduz do passado pré-revolucionário de Cuba ao presente das pequenas histórias pessoais. A fusão das narrativas indica que irreverência é algo tão característico da ilha como doses de mojitos ou fumos da melhor safra. Escravos sublevados, protestos populares, intelectuais inconformados, revoluções e a premente necessidade de se livrar de duas metrópoles — a espanhola e a estadunidense — integram a evolução política e social do país há séculos. Essas dinâmicas envolveram enfrentamentos com inimigos e aliados, vidas de milhões de pessoas, carências econômicas e culturais quase atávicas — e a rota a seguir foi, em muitos casos, determinada pelas necessidades de momento. É por esta seara que o autor se embrenha, munido de experiência pessoal e sólido apoio em dados e informações documentadas. E nos conduz com a leveza de uma boa conversa de botequim.