As fábulas fazem parte de nosso imaginário, e cada época, cada geração, já foi influenciada por essas historinhas -- para os mais jovens, encantadas; para os adultos, gênero carregado de significantes. Talvez porque elas permitam o eterno confronto entre as pretensões, as ilusões e as vaidades humanas. Ou mesmo, como preferem os humanistas, pelo fato de representarem uma forma resistente e fecunda da tradição legada pela antiguidade grego-latina. De fato, o poeta-fabulista Jean de La Fontaine (1621-1695) é lido há mais de 300 anos e, muito antes, o grego Esopo e o romano Fedro já tinham deixado suas marcas, alimentando nossa imaginação.
(...) La Fontaine, com seu gênio e linguagem deliciosamente original e sutil, colocava nas fábulas expressões do povo, velhos arcaísmos do mundo rural (...) [e] era admirado pelas camadas mais pobres da sociedade, com suas fábulas simples, mas ao mesmo tempo recheadas de sabedoria e audácia. (...)
Nessa reedição das Fábulas, a Editora Revan juntou a primorosa tradução do poeta Ferreira Gullar aos magníficos desenhos de Gustave Doré (...), [que] optou por dois tipos de ilustrações: a primeira exprime a explicação moral da fábula por meio de figuras humanas. A segunda ilustra as fábulas com os personagens bichos exatamente como eles são. [texto das orelhas desta edição]