Em algum lugar do subúrbio carioca, um brasileiro fala a um francês: o belo e sensual Aurélien. A longa fala desse brasileiro, escrita às facas, sublinha os abismos históricos e culturais entre os dois mundos. As Facas são lançadas a Aurélien, que está em Paris, as lâminas-palavras voam carregadas de sentimentos de guerra, de criação, de desejo e erotismo. A Aurélien, em algum
lugar de sua cidade, só resta ouvir. Ao europeu, são apresentadas outras páginas da história: as marcas suburbanas desse brasileiro, a cidade do Rio de Janeiro, o Brasil, a América Latina.
Facas talvez seja uma carta de amor, menos a Aurélien e mais às afro-brasilidades que deixam suas digitais nesta prosa poética de Rodrigo de Roure, escrita em 2005, no “ano do Brasil na França”, quando o autor foi convidado a participar de um intercâmbio de dramaturgia em Paris.
Facas talvez seja, também, um poema [dedicado a Exu] impresso em uma fotografia onde se encontram as esquinas e as encruzilhadas do Rio de Janeiro e de Paris.
Poemas, poesias