Falas curtas

Falas curtas Anne Carson


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Falas curtas





Estas paradoxais Falas curtas, ao mesmo tempo íntimas e distantes, de gênero indefinível (prosa, poesia, confissão), servirão de garantia para a presença definitiva de Anne Carson entre nós, após O método Albertine, (Jabuticaba, 2017) e Autobiografia em vermelho, (34 Letras, 2021). Os três livros ecoam no leitor desde o início, porém agora somos chamados diretamente para o jogo. “Quem é você?”, ouvimos na última Fala curta. Mas já estávamos presentes, claro! Junto a Seurat, Parmênides e Brigitte Bardot, igualmente ao lado de uma infinidade de intelectuais. Todos presentes. Além de uma senhora autista e de Ovídio, chorando no exílio político. Impossível infelizmente incluir aqui todos os personagens do livro.

Desta vez Carson escreve uma Introdução, contendo um método de pesquisa. Perguntando a todos e anotando tudo o que ouve, ela procura saber como surgiram as palavras. Antigamente “havia estrelas mas palavras não”. Como assim? Mas ela não quer compor uma história, o que seria um tédio, mas seguir “rastros e vestígios” daquele instante único da natureza.

Entretanto, desde o começo surgem problemas: as três velhas – fugidas do mito? – nada sabem além do trabalho braçal; os poetas confundem até mesmo nomes de flores; três homens invadem a cena, trancam a cadeado os 53 fascículos da pesquisa, embora ela esconda 3. Antes de partir eles a aconselham a “imitar um espelho como o da água”, mas ela sabe que a água não é um espelho. Com isso aprende que a razão é perigosa. “Preciso tomar cuidado com o que escrevo”. Além disso, uma certeza se impõe: apesar das exigências de Aristóteles quanto à criação, ela se pergunta: ”de que serve uma história que não contenha dragões venenosos”?

Creio que a Introdução pode servir de mapa à ficção de Anne Carson, analisando o caminho da imaginação trilhado nestas Falas curtas. Pois não é verdade que até a proposta da escritora é imaginária? Tratar do aparecimento da palavra conduz à relação entre pensamento e linguagem, isto é, problemas que a linguística não ousa abordar.

Minha proposta ao leitor é a de buscar “dragões venenosos” nas histórias relacionadas, em sua maioria, a pessoas reais, a começar pela Fala curta sobre a Sensação na decolagem do avião. A ironia certamente não pode faltar.

Texto de orelha de Vilma Arêas

Ficção / Literatura Estrangeira

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on 2/4/23


Gosto dos escritos poéticos da Anne Carson porque ela torna a poesia palpável, gente como a gente, simples, mas jamais simplório, é um tipo de autora que nos dá coragem em publicar.... leia mais

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Jenifer
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Jenifer
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