Há coisas que precisam de mais tempo para serem gestadas antes de irem ao mundo. Os rios. O luto. O nome. Falta d’água, seca só se batizou aos cinco anos. Guardou-se, pagão, numa gaveta, até a hora que não coube mais. O que não coube lá é o que se corporiza aqui. O pontuar da vida. O seu experimento. Busca-se, com a ininterrupção do fluxo e a manipulação dos espaços, a materialidade da lacuna e o tensionar dos fins, em sua condição de continuidade. O que fica do que se perde. Escreve-se para o deslize, para o atrás a que não se volta, para o à frente que ainda não é. Para o que é, em sua condição de provisoriedade.
Poemas, poesias