Faro Felino

Mais uma obra da coleção Elas são de morte vem comprovar que não há nada mais atraente do que um romance noir de saltos altos. Em Faro felino, seu livro de estréia, a atriz e jornalista Tessy Callado explora a excentricidade da alta sociedade carioca e a corrupção que assola a polícia brasileira. A história, permeada de erotismo e violência, é a sétima publicada com o selo da coleção escrita exclusivamente por mãos femininas. Tessy faz uso de gírias para aproximar o leitor do mundo dos criminosos e dos representantes da lei – os incorruptíveis e os que se deixaram seduzir pelas promessas de enriquecimento ilícito. Entre um grupo e outro, ainda existem pessoas que julgam estar seguras em suas redomas de vidro. Assim vive a solitária viúva Leontina Saraiva de Mello, uma das protagonistas de Faro felino, que vê seu pacato mundo virar de pernas para o ar quando sua governanta, Malvina, é encontrada morta na mansão onde mora com os empregados e três gatos de estimação, no elitizado bairro da Gávea, no Rio de Janeiro. Ao que tudo indica, o assassino também é responsável pelo seqüestro de Lorde Byron, o gato preferido de Leontina. Entre os suspeitos está Bomtempo, vigia da mansão, um ex-policial afastado por corrupção e tortura. A bela e respeitada titular da Delegacia de Homicídios, Janaína Tinguá, encarregada da investigação, desconfia que há ligação entre o "Crime da Governanta" – como o assassinato na Gávea foi apelidado pelos jornalistas – e a prostituta cujo corpo foi descoberto na Estrada das Paineiras, conhecido ponto de desova de cadáveres no Rio. Além de Faro felino, fazem parte da coleção: Vende-se vestido de noiva, de Denise Assis; Saracusa.com, de Eliene Narducci; Pescaria de corpos, de Cláudia Mattos; Uma aula de matar, de Ana Arruda Callado; O jantar da lagartixa, de Atenéia Feijó e O primeiro crime, de Carmen Moreno. Os próximos lançamentos terão as assinaturas das jornalistas Scarlet Moon, Regina Zappa, Heloísa Marra e Márcia Cezimbra, da historiadora Mary del Priore e da roteirista Denise Bandeira, entre outras damas do crime.Para a coordenadora de Elas são de morte, Denise Assis, a idéia de reunir mulheres para escrever sobre peripécias investigativas tem como objeto mudar a noção de que as escritoras brasileiras pouco se interessam por histórias de mistério e sangue. "Afinal, do ponto de vista dos autores policiais, está provado que o crime compensa", brinca Denise.