Cendrars veio pra cá e de alma rica
armou seu trombombó.
Pescou um dilúvio de sensações gostosas,
fotografou-as em poemas curtos.
Saiu um livro calmo e puro.
Meio exótico até para nós.
Enquizilo muito com os paradoxos
porém o que vou dizer
só tem cara de paradoxo:
me parece que o exotismo do livro
está na sua naturalidade sem espanto
Que o espanto cria estados líricos
não tem dúvida.
Que também seja represa
donde o poeta vá tirar sua eletricidade,
de acordo. Mas então a poesia
se ressente do espanto pela intensidade.
Já sei, vão me dizer que Cendrars é um
viajado e por isso não se assombra mais...
Mário de Andrade
Literatura Estrangeira / Poemas, poesias