O teatro de Gianfrancesco Guarnieri é como um grito parado no ar. Um protesto contra a apatia, o conformismo, o comodismo egoísta dos bem-pensantes e dos mal intencionados, através da denéncia social, da ironia quase sarcasmo, da revolta. Desde a sua estréia, em 1958, com Eles não Usam Black-tie, Guarnieri trouxe um alento novo ao teatro brasileiro. Numa atitude quase de provocação, a peça se passa num morro carioca, entre operários, em um momento de greve, que divide dramaticamente uma família. O tema reaparece, com mais intensidade, em "A Semente" (1961). Operários "definidos em função de sua categoria, atuando coletivamente contra os patrões" era um fato desconhecido no teatro brasileira, como observa Décio de Almeida Prado. O ineditismo da situação aliada à qualidade dramática das peças, explica a sua imensa repercussão. Coerente consigo mesmo, sem recuar um milímetro de sua combatividade, Guarnieri lança em 1973 o seu protesto, em forma de metáfora, contra a toda poderosa censura.
Drama / Literatura Brasileira