Munido de curiosidade e senso de investigação, Liev Tolstói dedicou cinco anos de sua vida à escrita de Guerra e paz. A matéria-prima para este clássico de proporções colossais, lançado em 1869, foi o estudo de vasta gama de relatos, biografias e documentos históricos. Décadas mais tarde, porém, o autor declararia em uma carta: "A história seria algo excelente, se fosse verdadeira".
Essa ambiguidade - por um lado, o desejo de se ater ao fatos, por outro, a consciência de que a História com H maiúsculo não passa de uma coleção de fábulas - é um dos fundamentos de sua obra. Em "O porco-espinho e a raposa", ensaio em que Isaiah Berlin analisa a escrita de Tolstói, o crítico atesta: "Um de seus principais objetivos era contrastar a substância 'real' da vida, a dos indivíduos e a das comunidades, com o quadro 'irreal' apresentado pelos historiadores".
Ao descrever o cotidiano dos personagens e, ao mesmo tempo, os grandes acontecimentos que se sucederam à invasão de Napoleão em 1812, Tolstói retrata uma Rússia magistral, imponente e, sobretudo, profundamente humana.
Ficção / Literatura Estrangeira / Romance