A lógica do controle das forças armadas pelo poder civil repousa em dois princípios de forças desiguais: a crença democrática de que toda política básica (inclusive essa de dominar as forças armadas) é formulada por autoridades responsáveis perante o povo, do qual emana, fundamentalmente , toda soberania; e o conceito, baseado numa análise lógica da relação entre a força e outros elementos da sociedade, ao qual Clausewitz deu expressão clássica, de primazia da política, pois a guerra, por sua própria natureza, é um meio para um fim político. Na formação das atitures anglo-americanas, a mais forte dessas forças é a tradição antimilitar, liberal, baseada no temos da usurpação e da tirania. Nas condições atuais, a mais significativa é indubitavelmente a noção lógica da primazia da política nos negócios nacionais.
O problema real nas relações civis-militares não é tanto recuperar o princípio de primazia política, quanto o de modificá-lo e adaptá-lo aos dias que correm. O advento de uma era de guerra total e os imensos progressos tecnológicos que a acompanharam tiveram o efeito de obscurecer a distinção entre os aspectos civis e militares da sociedade. Nas circunstâncias atuais, não é simplesmente a questão de subordinar a autoridade militar à civil, mas a formulação efetiva da política nacional que deve cada vez mais levam em consideração implicações militares.