O Rio de Janeiro é, sem dúvida, o protagonista de Guia Afetivo da Periferia. No entanto, isto só é possível porque Marcus Vinícius Faustini se coloca como personagem da própria obra. O autor revela a cidade ao, por exemplo, abordar os procedimentos utilizados diariamente para conseguir chegar em casa após sair, tarde da noite, da Escola de Teatro Martins Pena e também as estratégias empregadas para escapar ao tédio das longas viagens de trem. Acumulou experiência e histórias nos vários empregos pelos quais passou, de Papai Noel no Carrefour de São Gonçalo a entregador de lentes de contato da Bausch-Lomb.
Escrito numa primeira pessoa informal, mas burilada, o livro se revela um inventário dos pequenos prazeres do cotidiano: sacolé de Nescau, guaraná Convenção, cachorro-quente (os dois últimos, encontrados na praça do Curral Falso, em Santa Cruz), picolé Dragão Chinês, Gamadinho, amendoim Nakaiama, carne de sol frita da Galega, na Maré, conhaque barato nos botecos da Cruz Vermelha, Angu do Gomes na madrugada da Praça XV e passeios pela Rua do Lavradio, sua preferida.
Coleção Tramas Urbanas (Literatura de Periferia Brasil)
Curadoria: Heloísa Buarque de Hollanda
Sobre o autor:
Marcus Vinícius Faustini, carioca de 38 anos, é diretor teatral, cineast e atual Secretário de Cultura de Nova Iguaçu, RJ. Criou o Projeto Reperiferia, a Escola Livre de Teatro de Santa Cruz e a Escola Livre de Cinema de nova Iguaçu.
Nos anos 1980 foi vice-presidente da AMES – Associação Municipal dos Estudantes Secundaristas.