Guia prático do feminismo

Venha cá, o senhor é homem? Isso é um convite para um diálogo. Não grita. Não levanta a voz. Também não finja que não sabe do que eu estou falando. Peça um café – se preferir uma cerveja também serve – e me escuta. Mas escuta mesmo. Eu vim falar sobre um monte de coisa bem ruim que você está fazendo. Sim, você. Sim, até você. Não é gostoso de descobrir, mas é necessário. Esse diálogo fala de violência, aquela praticada todos os dias contra a mulher – enxergue você ou não. Essa conversa que fala, também, sobre mudar esse quadro. Você precisa mudar, senhor. Se você é uma mulher, senta do meu lado. Vem? Aqui do meu lado eu te escuto bem. Respira fundo que não vai ser fácil. Quero seu apoio, quero sua versão dos fatos. Senta aqui e conta comigo essa história – que é a de todas nós – e precisa urgentemente de uma nova versão. Olá, quem te convida para essa conversa é uma pessoa que realmente acredita na mudança. Olha, de verdade, venha de peito aberto para esse diálogo, porque acho mesmo que dá para mudar, dá para ser diferente. Antes que você pergunte, eu sou professora. Não, não importa tanto assim meu título, porque aqui professora não é uma carreira, mas um estado de existência, um modo de conduzir a minha vida. Sou professora e feminista, e é por isso que eu te chamo para esse bate-papo. Não é que depois de ler isso você precisa agir de outra forma. Não, ninguém aqui vai te obrigar a nada, só que eu vou saber que suas ações não nascem mais da ignorância. Não precisa ter medo! Vai doer só no comecinho, enquanto não saber de nada pode doer para o resto da vida. Traz um café, ou uma cerveja. Senta confortavelmente e me leia. Ah, é! Caso se interesse, meu nome é Marcella Rosa.

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