A obra de Hannah Arendt tem despertado um interesse crescente entre educadores, intelectuais e profissionais de educação. É provável que esse recente prestígio decorra, pelo menos em parte, do fato de que em seus escritos a crise na educação não seja concebida como mera decorrência de uma suposta obsolescência técnica das práticas pedagógicas. Daí porque a frenética sucessão de novas pedagogias e metodologias de trabalho é por ela vista antes como um sintoma da crise do que como sua potencial solução. Ao pensar a crise na educação, Arendt a vincula às transformações políticas e culturais que marcaram a emergência do mundo moderno, mas não deixa de ressaltar a especificidade de seus desafios na sociedade contemporânea. A compreensão dessa crise – que é do mundo moderno e que se espalha e toma forma própria na educação – exige que pensemos tanto o significado das transformações políticas e culturais que marcaram o século XX como seu impacto no campo específico das relações entre aqueles que já habitam o mundo e aqueles que nele chegam como “estrangeiros”: as crianças.
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