Um poeta de amor. Homem. Dezoito personagens lendárias. Mulheres. E mais dezoito, igualmente mitos. Homens. Cartas. Todos estes elementos se cruzam aqui, neste estranho livro. O poeta é Ovídio, o poeta de amor de Roma. Do amor físico, do amor-prazer, que outro não concebe ele. As mulheres são a voz que fala nestas cartas de amor, que são também cantos de ausência e separação, ciúme e traição, queixume e apelo, lamento e indignação. Os homens são o outro lado do correio epistolar. Escritas na primeira fase da vida de Ovídio e contemporâneas da demais poesia de amor ovidiana – Amores, Arte de amar e Remédios contra o amor – as Heróides talvez sejam a primeira colectânea poética assumidamente de autoria masculina e de voz feminina na história da literatura ocidental. E isso é bem ao arrepio da hierarquia social do seu tempo, se tempo tiveram, e do tempo do poeta que assim as faz reviver.
A presente edição dos Livros Cotovia é uma tradução do latim de Carlos Ascenso André.
Poemas, poesias