Hípias Maior

Um diálogo entre Sócrates e o sofista Hípias de Élis, que tem por assunto O Belo. Aqui é ainda (como em Protágoras ou Górgias) uma figura de proa da sofistica que Platão ataca.Platão carrega o pobre Hípias de todas as taras: presumido, pedante, ingénuo, não se separa nunca do seu ar de grande senhor nem do seu desprezo soberano pela verdade. O que é a beleza? É preciso lembrar que para um Grego, o belo não é apenas um valor estético; a beleza possui uma dimensão moral. Entre o belo e o bem, o Grego não distingue, como nós, dois universos. O que é o belo? As definições propostas por Hípias assinalam-se em primeiro lugar pela sua tolice: Sócrates tem grande dificuldade em explicar-lhe a necessidade de formulação de uma definição universal (não se define o belo por um exemplo particular: uma bonita mulher, por exemplo). Mas mesmo quando Hípias lá percebe que se deve colocar ao nível de abstracção, perde-se em confusões. A cada observação crítica de Sócrates, Hípias tenta esquivar-se manifestando a sua indiferença em relação à verdade. Rapidamente, como bom sofista, Hípias só conhece uma exigência: a força persuasiva do discurso, a eficácia que lhe permite que não o contradigam. O diálogo termina numa aporia: o fim apresenta uma exemplo muito elaborado de ironia socrática. Ao seu interesse propriamente filosófico ? anuncia as problemáticas de O Banquete - o Hípias Maior adiciona uma verve literária, pouco habitual. O recurso, por Sócrates, a uma terceira personagem que não é outra senão o duplo de si mesmo permite a Platão efeitos cómicos inabituais.

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