História da Historiografia

História da Historiografia Francisco de Assis Brasil


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História da Historiografia


Sociedade Brasileira de Teoria e História da Historiografia




A História da Historiografia promove neste novo número a recordação da
vida e da obra de Manoel Luiz Lima Salgado Guimarães (1952-2010). Nos seus
cinco anos de existência, é a primeira vez que na revista se consagra um espaço
tão revelante a um único indivíduo. Para quem porventura não tenha tido o
privilégio de conhecê-lo pessoalmente, as contribuições aqui reunidas sob a
segura coordenação de Temístocles Cezar e Rodrigo Turin dão bem a ideia de um
profissional exemplar, que marcou os seus pares tanto pelos escritos inovadores,
criteriosos e empenhados na reflexão sobre o papel social da história, como pela
intensa atividade de docência e orientação de jovens talentos. Pouco mais de
duas décadas bastaram-lhe para formar cerca de 30 mestres e 22 doutores. Uma
parte desses discípulos e alguns candidatos de provas que avaliou comparecem
agora a prestar-lhe tributo e valorizar o seu rico legado.
A natureza de semelhante operação poderia ser ela própria enunciada
entre os motivos do texto de Rodrigo Turin em torno das proposições de Peter
Szondi. É, no entanto, Durval Muniz de Albuquerque Júnior que, num quase
depoimento, se encarrega de resumir os diversos aspetos de toda a herança
de Manoel Salgado, sublinhando que nela se deve buscar estímulo para outros
trabalhos. Assim justamente procedem Francisco Régis Lopes Ramos e Aline
Montenegro Magalhães, Maria da Glória de Oliveira, Pedro Afonso Cristovão dos
Santos, Marcia Naxara e Fernando Nicolazzi, em artigos que ora procuram um
diálogo direto com algumas das mais marcantes proposições do homenageado
sobre a cultura material, o ensino e a escrita da história, ora se servem de
breves insights ou sugestões, para propor abordagens originais na releitura de
autores menos citados. Completam o dossiê a tradução de um texto recente de
François Hartog a propósito das diferentes presenças da Retórica e da Poética
de Aristóteles nas obras de Paul Ricoeur e Carlo Ginzburg, e um muito instigante
trabalho de Francisco Murari Pires acerca dos fundamentos de autoridade sobre
o afamado “paradigma indiciário”: contributos que se iluminam mutuamente
e reavivam a vontade de frequentarmos com maior insistência a lição dos
clássicos greco-romanos. Tendo em conta os argumentos esgrimidos, apetece,
aliás, recordar, com Hans-Georg Gadamer, que Aristóteles chegou a referir de
passagem a tripartição da philosophia em “teórica”, “prática” e “poética”. Por
esse caminho, talvez se consiga recuperar de uma maneira menos polémica,
para a velha estirpe da história, a centralidade da hermenêutica. É provável que
Manoel Salgado não se opusesse.
Dentre os artigos que compõem a secção de contribuições genéricas, volta
a haver um encontro com Aristóteles, e curiosamente, também, por via alemã,
no trabalho de Renata Sammer. André Fabiano Voigt prefere convidar o leitor
a uma reflexão ancorada em autores franceses, que antes e depois de Braudel
debateram o problema da descontinuidade do tempo, tão fecundo em implicações
de cunho político. Sergio Mejía surpreende a mudança de um paradigma
historiográfico continental na obra do boliviano Gabriel René Moreno. Por fim,
Flavia Renata Machado propõe-se a interpretar o romance Terra Sonâmbula do
moçambicano Mia Couto como uma voz alternativa à da historiografia sobre o
período da guerra que se seguiu à independência de Portugal. Quatro propostas...

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Edsondasilvacg
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02/06/2014 16:02:49

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