A palavra 'superstição' continua a pertencer à nossa linguagem - ainda hoje, são considerados 'supersticiosos' aqueles que parecem estabelecer uma relação de causalidade entre um ato ou um fato julgados significativos - treze convivas à mesa, o saleiro que se entorna, um espelho que se quebra, etc. - e um acontecimento, situado geralmente no futuro, que se espera ou que se receia e deseja afastar. Tais afirmações, comportamentos e crenças podem coexistir, na mesma sociedade, até num mesmo indivíduo, com uma abordagem científica e técnica dos fenômenos - pode 'bater-se na madeira' antes de embarcar num avião, embora sabendo que este voará conforme as leis da aerodinâmica. As 'superstições' são, em geral, toleradas - o seu espectáculo suscita a alguns um sorriso irônico, a outros uma curiosidade prudente. Não são novas na sua forma - o temor dos presságios é universal. As superstições não se deparam já com os imperativos da fé enunciados por uma Igreja - em contrapartida, são geralmente opostas à racionalidade científica que o Ocidente forjou, sobretudo a partir do século XVIII. Mas esta substituição de um sistema de referências por outro efetuou-se muito progressivamente, e decerto que ainda não se encontra hoje totalmente concluída.
História