História de Manon Lescaut

História de Manon Lescaut Abade Prévost

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História de Manon Lescaut





O LIVRO notável de que hoje damos a lume a tradução é, sem dúvida, o primeiro e, talvez, o único romance de costumes com que foi dotada a época em que viveu o seu autor; e seguramente o podemos considerar como o prelúdio brilhante do romance moderno.
Manon Lescaut não tem, porventura, precedentes algum no seu gênero, e mais de um autor contemporâneo foi beber a inspiração do seu trabalho neste primor literário de Francisco Prévost d’Exiles, célebre escritor e padre francês.
Têm-se escrito muitos volumes em que se tenta fazer ensaios sobre o caráter da mulher e descrevê-la; mas, um capítulo de todos esses estudos fica sempre incompleto: — é o da mulher observada nos amores passageiros, em que a sua fidelidade é voluntária e em que os laços que a prendem ao homem podem ser despedaçados à sua vontade, segundo o seu capricho e inconstante fantasia.
Manon Lescaut é a página de mais relevo desse capítulo, que ninguém terminará, porque é infinito como o próprio amor. — Variante e movediça como as águas do oceano (disse Shakespeare, falando da mulher) quem poderá desenhar com perfeição o que sem cessar varia de forma?
Manon nem por isso é um tipo criado pela poética imaginação do autor; em todas as épocas existiu. No século de Péricles, chama-se Aspásia; Demóstenes ama-a, chamando-lhe Laís; é a Impéria da Roma dos Papas; é a Margarida Gautier do século atual.
Avaliar, literariamente, o que é Manon Lescaut, é querer analisar a graça, a elegância da frase e a mordacidade da idéia. A tarefa é difícil, e, no entanto, uma das mais vigorosas penas da França conseguiu vencê-la nas seguintes linhas que aqui reproduzimos.
É Júlio Janin quem fala:
“Manon Lescaut é um desses primores de literatura, vibrantes de paixão e de amor, primores que só os homens de gênio concebem, num momento de entusiasmo, que eles, decerto, não encontram duas vezes durante a vida.
“Livro maravilhoso! história admirável! drama patético, que é passado no último degrau da escada social! Como esta pobre mulher resvala por sobre o opróbio, à força de beleza e juventude! Como este rapaz evita a desonra à força de amor e dedicação! E, depois, quando os seus lábios, ávidos ainda de prazer, têm esgotado o cálice da voluptuosidade, vem a morte que santifica todo este delírio; e não só a morte, mas também o perdão”.
Em menos palavras, ninguém decerto diria mais.
E Júlio Jonin não exagerou. Manon há de ficar na história da literatura como um monumento que nem a mão destruidora dos anos poderá derribar.
São estas as únicas obras que ficam perduráveis na memória dos vindouros. O livro é a melhor lembrança que o sábio e o observador podem legar às gerações futuras.
Quantos heróis têm passado, cujos nomes nem já lembram? Vede porém se Camões há de esquecer nunca, se Garrett pode ser olvidado, se Walter Scott deixou de existir, se Balzac ou Alexandre Dumas Filho, hão de desaparecer da memória dos homens...
Decerto que não; nos livros que deixaram têm eles a voz duradoura, que os fará viver, através das idades.

Literatura Estrangeira / Romance

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