"O Japão que me habita". Essas poucas palavras, garimpadas na apresentação deste livro, contêm em si a essência de uma obra gerada em meio a um deslocamento ao mesmo tempo físico e intangível da escritora Letícia Myrrha. Ichi go Ichi e é, sobretudo, uma celebração da sensibilidade, da força que existe em estar vulnerável diante do novo.
Em pouco mais de três anos como uma moradora de Nagoya que oscilava entre o desconforto e o fascínio, Letícia colheu fragmentos que, gradual mas profundamente, construíram um Japão que só existe dentro dela - e uma Letícia que só passou a existir depois dele. O livro é um convite a seguir por caminhos formados por meio de uma lente muito pessoal, mas universalmente humana.
Nomeados por expressões da língua japonesa que ajudam a costurar conexões e sentidos, os capítulos deste livro não têm qualquer compromisso com uma ordem cronológica. As histórias, por vezes dolorosas, outras divertidas e curiosas, são contadas com delicadeza e coragem, numa cadência que só a aleatoriedade do dia a dia permite. Letícia é fiel à expressão que dá título a esta obra, que traz o conceito, originado da tradicional cerimônia do chá, de valorizar a natureza irrepetível de um momento. Sua passagem pelo Japão foi repleta de “só agora, nunca mais” e é justamente essa noção de que os encontros da vida são únicos que faz com que cada crônica seja apreciada em toda sua singularidade.
Crônicas / Turismo e Viagens