Uma jovem mulher que ainda não completou 30 anos compra uma passagem de ônibus, só de ida, Belo Horizonte–Buenos Aires. Assim começam textos que transitam entre o diário, o conto, a crônica, o romance, que acompanham a viagem, tornando sua a economia dela: carregar o mínimo necessário. Tentar a leveza, apesar do peso da incerteza e da precariedade. Confiar na sorte, nos encontros, nos acasos. A literatura e a cidade são as protagonistas deste livro tão valente quanto amoroso. A cidade não é a dos lugares pré-fixados pelo turismo, mas das bordas invisibilizadas – da cumbia, dos expatriados, das villas, dos velhos –, a cidade que se aprende a olhar com as oscilações, os percalços e as lacunas com que nos aproximamos de quem amamos. A literatura não está na instituição literária, mas na vida, nos corpos, na rua, na prática cotidiana, no caderno de viagem, no exercício de rememoração do passado e de imaginação de futuro. Quando há tantos que querem nos deixar sem um nem outro, Flávia nos confia suas instruções para continuarmos resistindo.
Crônicas / Ensaios / Não-ficção / Turismo e Viagens