Também não me perguntem a razão da escolha de textos tão diferentes entre si como o são as digressões conceitistas sobre o Tempo do barroco Paul Fleming, e os "poemas da loucura", de Hölderlin, as reflexões sobre a efemeridade, de Hofmannsthal, e os "zoomeses" das Canções da Forca de Morgenstern. O telegráfico Stramm e o sintético Schwitters são tão evidentes que não precisam de justificativa.
O leitor atento encontrará em todos a concisão e a precisão que eu admiro na poesia, e o mais avisado há de perceber que o meu Rilke é o dos Dinggedichte, o dos poemas-coisa, não menos metafísicos, porém mais substantivos e mais voltados à concretude da linguagem — um Rilke para o qual a própria morte se concreta.
Augusto de Campos, 1992
Poemas, poesias