Durante os anos de 1967 e 1998, a Indonésia, maior país muçulmano do mundo, foi governado com mão de ferro pelo general Suharto (atualmente internado em estado grave), apoiado pelos militares. Foi durante seu governo que ocorreu a invasão e anexação do Timor Leste (antiga colônia portuguesa, hoje independente) ao país.
Mas seu governo ditatorial não resistiu à crise econômica que se abateu sobre o país, no bojo da que se deu em outras economias da Ásia em 1997, e às acusações de corrupção e enriquecimento ilícito. Esses fatores se somaram à crescente insatisfação popular com o regime e suas manifestações levaram à queda de Suharto no ano seguinte.
O jornalista e advogado brasileiro Josué Maranhão foi testemunha ocular desses acontecimentos que sacudiram a Indonésia e levaram à queda de Suharto quando morou com a família na capital, Jacarta, entre 1996 e 1998. Sua experiência de viver em um local tão diferente do Brasil, bem como suas impressões sobre o cotidiano e a história do país e os antecedentes da revolta popular, estão relatadas em detalhes no livro Jacarta, Indonésia, publicado pela Alameda Editorial.
Durante os dois anos em que morou no país, Maranhão revelou um país distante, mas que não deixa de ter várias semelhanças com o Brasil, como o trânsito caótico das grandes cidades, a simpatia do povo e os problemas de corrupção. O relato vai desde o estranhamento inicial, passando por comentários e constatações do cotidiano e da história da Indonésia até a fuga do país diante do risco que as manifestações populares anti-Suharto representavam para os estrangeiros.