"Aconteceu mesmo ocorrer-me um dia a idéia de comparar o nosso exílio a um cativeiro, imenso e abafado jardim de inverno. Recordei-me até, num momento de maior nostalgia, de um verso que eu declamara em criança: "A ave presa na gaiola não pode cantar assim/ é como a flor que se estiola longe do fresco jardim..." E porque essa tola comparação? O exílio seria mesmo um cativeiro? Seríamos por acaso flores que se estiolavam longe do fresco jardim? Achei graça da maluquice! Voltar para nosso país seria a melhor coisa do mundo, claro que seria. Mas, naquela ocasião, o Brasil não era um fresco jardim. Longe disso."
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