Joaquim Nabuco: Diários

"Quando a Editora Bem-te-vi tomou a feliz iniciativa de publicar os diários inéditos de Joaquim Nabuco e convidou a Fundação Joaquim Nabuco para ser parceira no seu projeto, fiquei duplamente satisfeito: pelo convite e pela oportunidade de ressaltar mais uma vez o alcance da visão do nosso patrono. Cada vez me impressiona mais a atualidade do pensamento de- Joaquim Nabuco. A sua compreensão dos problemas brasileiros nunca se da na superfície. Compreende as raízes e as estruturas de questões só na aparência apenas do seu tempo. Desse modo, ao falar do presente aponta o futuro. E agora nós seus leitores ao nos depararmos com o passado -o que ele escreveu - encontramos na verdade o nosso presente. Um exemplo disso é este trecho, de 1884:

A propriedade não tem somente direitos, tem também deveres (. ..) Se for eleito, não separarei mais as duas questões -a da emancipação dos escravos e a da democratização do solo. Uma é o complemento da outra. Acabar coma escravidão não nos basta; é preciso destruir a obra da escravidão.

Num tempo como o nosso em que tanto se fala em, responsabilidade social, em compromisso com o social, em justiça social, reler Nabuco é encontrar uma fonte permanente de inspiração para a efetiva democratização do Brasil, não somente a institucional que todos nós festejamos, mas a democracia completa da sociedade. Assim, com a publicação destes diários - um trabalho notável de Vivi Nabuco e sua equipe -reencontramos na intimidade das suas anotações mais cotidianas, o mesmo pensador-político atento e comprometido com as grandes causas nacionais. Para nos somarmos a esse esforço da Editora Bem-te-vi contamos com o apoio entusiasmado de todas as horas no ministro da Ciência e Tecnologia, Eduardo Campos, e do ministro das Comunicações, Eunício Oliveira. A eles é a todos os que tornaram possível esta realização, agradecemos."