Johnny Wadd e a música silenciosa do Rancho Spahn

Johnny Wadd e a música silenciosa do Rancho Spahn Renzo Mora


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Johnny Wadd e a música silenciosa do Rancho Spahn





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Escrever humor é como tocar jazz. Você precisa de saxofone, baixo, bateria, trombone de vara e um taco de beisebol para afastar quem trouxer um berimbau.

Hmmm. Pensando bem, escrever humor é completamente diferente de tocar jazz.

A não ser numa coisa: muita gente faz pose de Ornette Coleman, mas não passa de um Kenny G. O que não é o caso do Renzo Mora, obviamente, ou eu não estaria escrevendo essa orelha, bolas.

Renzo foi colaborador de todas as revistas masculinas que eu tive o prazer (hmmm) de editar: Vip, Sexy e Playboy.

Revista masculina era uma publicação feita para a distração de homens heterossexuais que, sem elas, começam a fazer churrasco, invadem outros países e votam na extrema-direita. A última Playboy brasileira foi publicada em 2017 e, no ano seguinte, você sabe muito bem o que aconteceu, né? I rest my case.

Mas estou me desviando, pois eu falava era do Renzo Mora.

Renzo tem um texto preciso e sofisticado, que transborda de referências culturais, mas sem que isso pareça pernóstico ou fora de contexto. Tudo se encaixa (hmmmm).

Depois que as revistas masculinas terminaram (mas que rápido, benzinho!!), fizemos juntos o site República dos Bananas, um coletivo de humor que resistiu bravamente durante cinco anos. E atualmente tocamos, com o Túlio Andrade, o perfil “Marcha da História” no Twitter. Se você deseja conhecer a verdadeira história da civilização (e também do Brasil) não deixe de consultar a arroba @marchahist, que é inteiramente produzida por estagiários regiamente bem pagos, porém subnutridos. pois gastam tudo com substâncias ilícitas. Somos uma empresa muito liberal e permissiva (hmmmm).

Mas estou me desviando outra vez, pois eu falava era do Renzo Mora. Esse livro aqui, “Johnny Wadd e a Música Silenciosa do Rancho Spahn”, é um coquetel “pós-moderno”, como diziam os críticos. Os críticos, hoje extintos, eram pessoas críticas e o “pós-moderno” é tudo o que aconteceu quando a gente desistiu de criar coisa nova e passou a pilhar a obra dos outros. Exatamente como faz o Renzo. Ele mistura Johnny Wadd (personagem de Jonh Holmes em vários filmes pornôs), Raymond Chandler, Charles Manson, os Beach Boys, Doris Day e Ray Conniff, aquele Kenny G. degenerado, numa trama noir passada na Califórnia ensolarada.

Para ter uma ideia do que é isso, imagine a seguinte cena: Quentin Tarantino entra num bar. No bar está o Woody Allen. Tarantino conta pro baixinho neurótico o que planeja para seu novo filme, “Era uma vez em… Hollywood”. Allen escuta extasiado e fica pensando: “Isso é ótimo! Se eu matar esse cara, roubar o roteiro e meter umas piadas no meio, eu faturo um Oscar! Certeza! Mas como conviver com a culpa? Será que existe um Deus? E, se existe, por que não transforma a Mia Farrow numa estátua de sal? Será que é problema de pressão alta?”

Enquanto o genial cineasta reflete sobre esses dilemas morais, Tarantino o agarra e o beija com sofreguidão. Os dois se enlaçam como se não houvesse amanhã, vão para um motel ali perto e transam a noite inteira. Nove meses depois nasce o Renzo Mora, já com esse “Johnny Wadd” na mão.

É isso. Não perca tempo, leia o livro. Leia e vai saber o que é encanto, leia e vai salvar o desencanto, leiaaaa o livrooooo…

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Contos / Literatura Brasileira

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Marcelo Nogueira
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