Inegavelmente a obra romancista de José Martiniano de Alencar (1829 - 1877) encobriu o dramaturgo. Quando se fala sobre o autor, os romances vêm em primeiro lugar, assim como suas crônicas e outras obras de cunho crítico jornalístico. O que pouco se sabe é que em sua época Alencar foi um dramaturgo de sucesso, talvez o mais importante autor brasileiro no gênero. Na verdade, a obra teatral antecedeu a do ficcionista. O dramaturgo teve uma carreira atribulada e que lhe trouxe muitos dissabores decorrentes, em especial, da censura, rejeição de suas obras por parte de críticos literários e dramatúrgicos e fracassos, como acontecera com a peça O Jesuíta. Voltou-se para uma dramaturgia realista e de cunho estético/objetivos francês, tendo como principal fonte de inspiração dramaturgos como Mollière, Alexandre Dumas e Victor Hugo. Rejeitou a dramaturgia brasileira anterior, como a de Martins Pena e a de Joaquim Manuel de Macedo. Destarte, Alencar foi um homem à frente do seu tempo e insuperável enquanto romancista, mas desonestamente esquecido pelo seu fazer teatral. Reina um silêncio quase absoluto entre as obras/personagens que provocaram a sociedade do seu tempo, em grande relevância, a burguesia aristocrática e cortesã do Rio de Janeiro: moralista, fútil, preconceituosa, desonesta, oportunista e hipócrita. Portanto um livro que enfoca Alencar como dramaturgo é um resgate importante desta parte de sua vasta obra. Na opinião dos principais críticos, a contribuição de Alencar para a cena brasileira é positiva. "O julgamento artístico de sua obra teatral apresenta, a nosso ver, saldo amplamente favorável", assim conclui Sábato Magaldi em Panorama do Teatro Brasileiro. E mais adiante acrescenta: "Pelas linhas gerais da arquitetura cênica e pelo gosto dos quadros coloridos, Alencar representa um avanço ponderável em nossa dramaturgia. Também é unanime entre os estudiosos a qualidade do seu diálogo" (MAGALDI, 2001, p. 102-103).
Não-ficção