Anna Rosa Campagnano possui o mérito de ter resgatado um fragmento de vida cultural italiana e de memória judaica pouco conhecido e muito produtivo. "Muitas vezes", observa ela, "o interesse humano e científico por um determinado fenômeno é despertado apenas em seu declínio." Esta sua pesquisa nos dá a possibilidade de entrar em contato com o bagito um dialeto da cidade de Livorno, um dialeto que está entre a língua e a gíria. O bagito pode ser considerado uma língua da memória, pois cada palavra testemunha uma exigência, um hábito, um aspecto da vida da comunidade judaica de Livorno, na Renascença até o século XX. Na memória da própria língua podem ser recuperados episódios isolados, fragmentos históricos levados pela correnteza: informações sobre o falso Messias, Sabbatai Zvi, com as polêmicas que suscitou em bagito; a memória da unificação italiana de 1860-61 e dos garibaldinos da comunidade judaica de Livorno; a memória das vergonhosas leis anti-semitas de 1938 na Itália. Língua de defesa, língua de salvação e língua de memória: todas contêm em si um outro. Um outro que está dentro da tradição ocidental e que o judaísmo, de fato, representa.
História / Línguas Estrangeiras / Sociologia