Na linha da consolidação da autonomia da Razão, o alemão Immanuel Kant representa a solução lógica dos problemas legados pelo Idealismo cartesiano e pelo Empirismo inglês. Fortemente influenciado pela crítica de David Hume à Metafísica, Kant concebeu o projeto de uma análie crítica dos mecanismos do conhecimento que mostrasse, de um lado, a legitimidade dos procedimentos e categorias que então triunfavam no saber científico, e de outro lado apontasse, com precisão, os limites do conhecimento teórico. Boa parte das pretensões da Razão, entende ele, não podem ser efetivamente realizadas no campo que legitimamente deve ser considerada uma necessidade especulativa que não pode ser satisfeita pela Razão. A analítica kantiana situa-se na origem da epistemologia moderna e contemporânea, e tornou-se referência obrigatória de todos os autores que, do século XIX para cá, tentaram equacionar os problemas filosóficos da Teoria e da Prática.
NESTE VOLUME
Em continuação à primeira parte da Critica da Razão Pura, publica-se aqui a segunda grande divisão da Lógica Transcendental, a Dialética Transcendental, na qual Kant estuda as ilusões que inelutavelmente levam a razão às afirmações metafisicas, para ele destituídas de valor teórico, posto que não decidíveis através de critérios objetivos. Nesta espécie de conflito consigo mesma, entretanto, a razão produz idéias que estão longe de serem inúteis: servem para regular o horizonte do conhecimento sistemático da natureza em sua totalidade e já indicam o uso que posteriormente delas se fará na esfera da razão prática, aquela de onde emanam os imperativos morais vinculados a noções como Liberdade e Deus, teoricamente inacessíveis
Filosofia