O exercício da literatura pode nos ensinar a eludir equívocos, não a merecer acertos. Revela-nos nossas impossibilidades, nossos severos limites, Com o passar dos anos, compreendi que estou proibido de ensaiar a cadência mágica, a curiosa metáfora, a interjeição, a obra sabiamente governada ou de largo fôlego. Minha sina é o que se costuma chamar de poesia intelectual. A palavra é quase um oxímoro; o intelecto (a vigília) pensa por meio de abstrações, a poesia (o sonho), por meio de imagens, de mitos ou de fábulas. A poesia intelectual deve entretecer a contento esses dois processos. Assim faz Platão em seus diálogos; assim também Francis Bacon, em sua enumeração dos ídolos da tribo, do mercado, da caverna e do teatro. O mestre do gênero é, em minha opinião, Emerson; também o ensaiaram, com diversa felicidade, Browning e Frost, Unamuno e, asseguram-me, Paul Valéry. Livro de poesias publicado originalmente em 1981 pelo poeta argentino reúne 45 poemas.
Poemas, poesias