Embora o tamanho e as ambições do objeto sejam bem mais modestos do que os de uma catedral, a arquitetura do códice também se move em uma complexa articulação de impulsos e equilíbrios. Assim como as abóbadas, as cúpulas e as naves, o suporte, os fascículos e a encadernação são concebidos para desafiar os séculos, e da mesma forma que todos os detalhes do monumento religioso são voltados para a celebração da onipotência e da onipresença divina, todos os elementos constitutivos do livro e da sua apresentação devem ser estritamente proporcionais ao papel social do possuidor.
Isso explica por que, por trás da aparente liberdade das escolhas dos artesãos individuais e da incessante evolução das práticas e dos estilos, o olho treinado do estudioso, bem auxiliado por protocolos de observação sistemática e por poderosas ferramentas de processamento dos dados adquiridos, é capaz de destacar o escrupuloso respeito de um grande número de regras não escritas.
História / Não-ficção