Os animais não conhecem os avós e, do ponto de vista biológico, uma sobrevivência que
ultrapasse a idade de procriação não oferece vantagens à espécie. Para os seres humanos,
a situação é diferente, pois com a criação da cultura passa a ter importância que os adultos
vivam tempo suficiente para passar informações de uma geração a outra. No entanto, quando
a expectativa de vida girava em torno dos 40 anos, eram poucos os que chegavam a ter netos.
No século XIX, apenas 3% dos indivíduos ultrapassavam os 60 anos. Com o avanço da ciência,
o cenário se alterou e pesquisas conduzidas em países com culturas e economias
diferentes apontam que vivenciamos o “século dos avós”. Para abordar inúmeros aspectos que
envolvem a longa trajetória dos avós, a psicanalista Lidia Rosenberg Aratangy e o pediatra
Leonardo Posternak elaboraram o “Livro dos Avós - na casa dos avós é sempre domingo?”.
O nascimento de um neto oferece a oportunidade de inaugurar um novo tipo de relacionamento,
mas traz também um tipo especial de responsabilidade. Não é fácil apoiar e ajudar os filhos
sem oprimi-los, e é preciso levar em conta que eles têm o direito de cometer seus próprios erros
para aprender. Assim, a arte de ser avós consiste, antes de tudo, na arte de ser pais de filhos
adultos, o que requer um delicado equilíbrio entre estar disponível quando necessário e não ser
invasivo. Pois mesmo depois de serem pais, os filhos precisam de apoio, reconhecimento e até
de proteção, ainda que às vezes tenham certa resistência para confessar. Talvez em qualquer
etapa esse tipo de apoio seria bem-vindo. Até mesmo quando temos de aprender a ser avós.
Autoajuda / Literatura Brasileira