"Para o leitor brasileiro, talvez se faça mister uma ligeira explicação. O exército austri-húngaro constituía um todo uniforme e homogêneo em um Império composto de grande número de nações e raçass. Ao contrário de seus colegas ingleses, franceses e até alermães, ao oficial austríaco não se permitia trajar uniforme fora de serviço, e os regulamentos militares prescreviam-lhe que na vida privada sempre devia atuar "standesgemäss", isto é, de acordo com a particular etiqueta e código de honra da classe militar austríaca. Entre si, oficiais do mesmo posto, ainda os que não tinham relações pessoais, nunca se dirigiam um ao outro na formal terceira pessoa "Sie", e sim na familitar pessoa do singular "Du", o que dava expressão exterior à fraternidade de todos os membros da casta e à separação que havia entre eles e os civis. O critério final do procedimento de um oficial era sempre, não o código moral da sociedade em geral, e sim a deontologia especial de sua classe, o que freqüentemente conduzia a conflitos mentais, um dos quais desempenha parte de relevo neste livro". (Stefan Zweig)
Drama / Ficção / Romance