Minutos antes de subir ao palco para receber uma homenagem, um professor universitário é inesperadamente visitado por seus companheiros de infância - um bando de meninos que, longe dos livros, viviam soltos pelas quebradas do Tremembé, na zona norte de São Paulo, entregues a brigas e aventuras de todo tipo.
Assim principia O último trem da Cantareira, do crítico, ensaísta e professor Antonio Arnoni Prado, autor de obras premiadas como Itinerário de uma falsa vanguarda (2010) e Dois letrados e o Brasil nação (2015). Em suas páginas, as ruas da Cantareira, o capinzal da Invernada, a curva da Junção, da Parada Santa e de tantas outras paradas ao longo da linha do trem, ganham uma vida extraordinária, que lembra em parte Os meninos da rua Paulo, de Ferenc Molnár, mas também o filme Morangos silvestres, de Ingmar Bergman.
O resultado é um livro de alcance surpreendente em que a memória, lastreada na experiência subjetiva, tem ressonância coletiva - pequeno milagre que só a grande literatura costuma realizar.
Literatura Brasileira / Romance