Pouco disposto a pensar nas raízes escravocratas de sua cidade, Felipe gosta de viver no presente, considerando apenas os dados da realidade que pode controlar. Por isso mesmo, uma das coisas que mais aprecia em si mesmo é seu inabalável ceticismo. Qualquer tipo de misticismo lhe parece perda de tempo, exceto quando serve para impressionar Raquel, sua paixão de adolescência.
Por ela, Felipe é capaz de se fingir o mais crédulo e entusiasmado dos fãs de ocultismo, até mesmo capaz de invocar espíritos com o Tabuleiro de Ouija. Mas a brincadeira que parecia inócua pode ter tido imprevisíveis consequências.
Assim, anos depois, Felipe se vê ainda enredado nos ecos daquela noite, quando ele e Raquel chamaram para o mundo dos vivos algo que deveria ter permanecido no escuro. E agora talvez seja tarde para lutar contra o peso do passado.
Terror