Um rio caudaloso a desaguar humanidades
Canoemos em lentidão apressada- rio abaixo, rio acima, - e penetremos nas palavras, que deságuam lentamente pela foz da narrativa d'O rio, de Pedro Cunha, , e em suspenso encaramos na outra Margem pelo (a)guar(da)do dos dizeres.
Dizeres encharcados de metáforas - de um ser e estar no mundo - em potente intertextualidade com o conto "A Terceira Margem do Rio" , de Guimarães Rosa. Dizeres que falam de um tempo que ora se move lento e morno, ora corre veloz e cuidadoso; registro do viver e do confronto e contraponto daquele que vai e daquele que fica, histórias que se (entre)cruzam e permanecem únicas; como única é a leitura desdobrada desse texto.
O leitor mais desatento poderia questionar - de modo nenhum a qualidade da feitura literária - a indicação de leitura, e fatalmente lhe diria: esse é um livro para toas e todos que no encontro com o sensível se (re)descobrem humanos; a leitura enquanto prática social, exercício sem prescrição, entra pelos olhos e pelos ouvidos e se instala no repertório do leitor.
Eliane Debus
Contos / Infantojuvenil / Literatura Brasileira