Neste volume que conclui a segunda parte de O tempo e o vento, Rodrigo Terra Cambará enfrenta as contradições de seus afetos privados e reafirma sua inteireza ética e sua coragem. No fim do Estado Novo e da Segunda Guerra Mundial, a família Terra Cambará não se reconhece no país que ajudou a construir.
A trilogia O tempo e o vento, que inicia a reedição da obra completa de Erico Verissimo pela Companhia das Letras, é a mais famosa saga da literatura brasileira. São cento e cinquenta anos da história do Rio Grande do Sul e do Brasil que o escritor compôs em três partes - O Continente, O Retrato e O arquipélago -, publicadas entre 1949 e 1962.
Nos dois volumes de O Retrato, Rodrigo Terra Cambará constrói uma imagem de político popular e generoso, enfrentando as contradições de seus afetos privados e reafirmando sua inteireza ética e sua coragem. Homem sedutor, sobranceiro, torna-se líder populista, amante das causas populares - e da própria imagem. Seu projeto é modernizar tudo - da casa onde vive à cidade inteira - e proteger os pobres. Depois de aderir ao governo de Getulio Vargas, muda-se para o Rio de Janeiro durante o Estado Novo. Em 1945, porém, com a queda de Vargas e já muito doente, Rodrigo volta à cidade natal para um ajuste de contas com a família. No fim do Estado Novo e da Segunda Guerra Mundial, a família Terra Cambará não se reconhece no país que ajudou a construir.
Na galeria de personagens de O tempo e o vento há figuras fascinantes, comparáveis a grandes ícones da literatura nacional como Peri, Capitu e Macunaíma. A forte Ana Terra, o valente capitão Rodrigo Cambará, seu neto, a sedutora Luzia Silva e o curioso doutor Carl Winter são apenas alguns desses personagens, eternamente vivos na imaginação dos leitores.
Desfilam no romance as disputas entre famílias pelo poder local, regional e nacional; as guerras de fronteira e as civis; a bravura dos homens e a tenacidade das mulheres; a pobreza de meios e a violência contra os desassistidos. Valores caros ao escritor entram em cena: a sobriedade, a liberdade e a coragem - que muitas vezes não está nos campos de batalha, mas na simplicidade do cotidiano e na resistência capaz de sobreviver aos desmandos políticos.
O projeto gráfico de Raul Loureiro e as ilustrações do artista plástico Paulo von Poser respeitam o espírito das primeiras edições de Erico Verissimo, acompanhadas meticulosamente pelo próprio escritor - que chegava a desenhar esboços de personagens e cenários. Além de ilustrar as páginas iniciais de todos os volumes, Paulo von Poser desenhou o mapa do Rio Grande do Sul que ilustra O Continente.
Ficção / Literatura Brasileira / Romance