Quantos pecados tínhamos que pagar para atravessar o subterrâneo da mente, os rios infernais, suas cidades, monstros e demônios, até chegar do outro lado e ver o prazer de viver. Talvez os portais estejam fechados, talvez seja tarde para purificar a alma, talvez não tenhamos permissão para prosseguir adiante, estamos morrendo com as drogas e já não percebemos que o coveiro, aos poucos vai construindo nossa casa mas solidamente que o pedreiro; não percebemos que aquela cova será nossa morada eterna até o juízo final.
“Uma enxada e uma pá bem resistente,
Mais um lençol bem feito
E uma cova de lama indiferente,
Fazendo do hospede o leito.” (Shakespeare)
Assim víamos as nossas madrugadas num retrato melancólico do vicio. Se era certo ou errado, ignoro, como ignoro a própria realidade. Simplesmente fechamos os olhos ante o desenrolar da catástrofe no espaço e no tempo de nossas vidas, gênios retraídos, personagens sobre efeito da bruxaria, por feitiços e drogas adquiridas de embusteiros, malditos mercadores de almas.
"Jovem tão tímido,
De espírito sossegado e calmo,
Que corava
De seus próprios anseios!"