Nos nossos dias, tornou-se corrente (e às vezes abusivo) o emprego da palavra "mito" para ilustrar um razoável número de situações de naturezza enigmática. Porém, o mito, como exposição simbólica de factos, teve a sua origem na Grécia Antiga, onde eram comuns as histórias em que os deuses conviviam com os humanos. O presente volume fala-nos dos contínuos estudos a que os mitos gregos têm sido sujeitos ao longo dos séculos, à luz da filosofia, da semiologia, da história, da epistemologia e da religião, e conclui que muitos dos que os consideraram como alegorias destinadas a dissimular autênticas verdades físicas e morais foram, também eles, autores de verdadeiros mitos. De Platão aos filósofos modernos, passando pelos racionalistas do século XVIII, os positivistas do século XIX e os apologistas do cristianismo, sempre se considerou que o mito é contrário da razão. Mas nessa luta existe um paradoxo, porque, como nos diz Paul Ricoeur, "até hoje não se venceu o adversário, o mito nunca se esgota na sua função explicativa".