Herança de Maria

Maria é uma mulher forte. Nasceu menina humilde no interior do Paraná, virou dona de pensão, engravidou sem saber direito o que era parto, desafiou soldado da ditadura com tapa na cara para proteger o filho, viveu separada do marido na época em que isso era uma vergonha e tinha resposta para tudo.

Maria carrega no nome, tão forte quanto ela, o destino de ser memorável. Mas Maria, aos 80 anos, está em coma. As mãos fortes que batiam pilão um dia, no seguinte repousam imóveis sobre o peito dela. Esse é o ponto de partida do livro “Herança de Maria”, do premiado escritor Domingos Pellegrini, em sua obra de estreia na editora LeYa Brasil. Em seu novo romance, Domingos retrata a vida de uma das mais surpreendentes personagens de suas histórias: a própria mãe.
Escrito em uma narrativa intensa e comovente, “Herança de Maria” conta a história de Maria através de lembranças, memórias, cartas antigas que o autor encontra em caixas de sapato e conversas com quem a conheceu ao longo da vida. Enquanto ela se mantém deitada, o protagonista e alter-ego do autor, fica ao seu lado no quarto, observando-a, e reconstrói uma vida repleta de passagens inesquecíveis. Ao longo da vida de Maria, o romance também passa em revista a vida do país, através de suas ideologias e mudanças.

A mãe de vocês é Maria, meus filhos, é mulher pro que der e vier! – repetia como um lema, um mantra ou um escudo, depois de resolver cada problema ou vencer mais um desafio.
Recorrendo às lembranças de sua própria história, o autor terá que decidir se o destino de sua mãe está nas mãos de Deus ou nas suas próprias. Afinal, a mulher que se colocou na frente de um soldado e abaixou seu fuzil, merece algo mais grandioso do que viver na inércia de um vegetal. Como as grandes Marias da história, essa também tem a dádiva de ser marcante.