A cena final de Salomé é estranhamente sedutora e poética, ao mesmo tempo sinistra e perturbadora no diálogo que estabelece com a cabeça de João Batista nas mãos. ´Ah! Como te amei? Ainda te amo, Iokanan. Só amo a ti... tenho sede da tua beleza. Tenho fome do teu corpo. E nem o vinho, nem as frutas podem saciar o meu desejo. Que farei agora, Iokanan? Nem os rios, nem as grandes águas poderiam apagar minha paixão. Era princesa, tu me desdenhaste. Era virgem, tu me defloraste. Era casta, tu me encheste de veias de fogo... Ah! Ah! Por que não me olhaste, Iokanan? Se me houvesse olhando, haver-me-ia amado. Sei muito bem que me haverias amado, e o mistério do amor é maior do que o mistério da morte. Só para o amor se deve olhar.
Drama / Literatura Estrangeira