"Ser mineiro é esperar a cor da fumaça", escreveu certa vez Fernando Sabino.
Paulo Mendes Campos, por sua vez, assim definiu a cara de Minas: "é uma cara imensa estampada no meio do Brasil. O ocipital dá para as barreiras atlânticas. O alto da cabeça comprime os tetos do Norte. O queixo faz força para baixo. E o narigão fareja os confins do planalto que se alonga aos contrafortes andinos". E Guimarães Rosa, mineiríssimo, chegou a advertir: "De Minas, tudo é possível".
Minas tornou-se, assim, uma palavra forte e mágica, que não designa apenas o nome do Estado da federação brasileira. Mais do que isso, é um sentimento do mundo. Um jeito de ser, de ver e viver as coisas. E para retratá-lo, ninguém melhor do que seus escritores, artistas que recriam a realidade com o poder das palavras.
Contos mineiros é um exemplo disso: uma reunião das múltiplas faces que Minas pode apresentar, desde as conquistas e os contrastes da vida urbana, até os repentinos dramas capazes de agitar o cotidiano de uma pequena cidade. São ao todo 18 contos que refletem, de maneira gostosa e agradável de ler, os mais diversos aspectos da chamada mineiridade.
A ênfase maior dos textos, porém, está em mostrar que cada homem, cada mulher e cada criança têm o seu jeito próprio de viver a terra. Misterioso, irônico, pitoresco ou intimista, todo mineiro traz uma Minas diferente dentro de si. Cada um com sua riqueza humana, minas que se somam: Minas Gerais.
Contos / Literatura Brasileira