"A experiência de viver o Caminho de Santiago inicia muito antes de se ajustar a mochila às costas e dar o primeiro passo. Acontece no instante em que uma sementinha é lançada ao ouvirmos o chamado de Tiago.
Cada peregrino carrega na mochila as suas próprias motivações e convicções. Ao longo da caminhada vai naturalmente reavaliando, substituindo ou deixando para trás alguns conceitos e valores que considerava indispensáveis ou insubstituíveis, e reafirmando outros.
Apesar de ser um caminho individual, nunca é egoísta, mas feito de muita comunhão. Descobre-se um sentimento de hospitalidade e generosidade, nos desejos de buen camino, ou mesmo no amigo que incentiva e lamenta quando o outro precisa desistir.
Nenhum peregrino volta para casa exatamente como saiu. É uma experiência que mexe com o mais profundo do ser humano. Dessa forma, o caminho não se encerra quando adentramos a Catedral de Santiago de Compostela, ou em Finisterra. O Caminho nos acompanha quando voltamos para casa. Ele está nos nossos atos e na maneira como passamos a ver as coisas.
Um alerta aos futuros leitores: a leitura desta obra poderá lhes trazer consequências profundas. Pode ser que São Tiago a esteja usando como canal para o seu chamamento. Se isso ocorrer, não resista".
Renato Mário Carneiro, peregrino.