Em itinerário de Pasárgada Manuel Bandeira observa que o africanismo malungo significacompanheiro, camarada, e não deixa de confessar: sou poeta de circunstâncias e desabafos. Mafuá do Malungo é assim um livro muito próximo da realidade do poeta, um de seus derradeiros autorretratos. Publicado primeiramente em 1948,em edição impressa manualmente por João Cabral de Melo Neto em Barcelona, a maior parte de seus poemas remonta à tradição lírica dos versos de circunstâncias concebidos de maneira cortês para álbuns de família. Temos aqui poemas dedicados a muitos de seus amigos diletos como Carlos Drummond de Andrade, Ribeiro Couto, Lêdo Ivo, João Condé, Guimarães Rosa, Rachel de Queiroz, Alphonsus de Guimaraens Filho, Thiago de Mello, bem como dezenas de poemas em homenagem a filhos de amigos e a escritores estrangeiros de sua predileção, como Verlaine. São os tantos malungos que o poeta quis com muito carinho e afeto guardar no coração. Um livro em que as palavras brincam umas com as outras, caminham da "emoção social" às dedicatórias despretensiosas e por vezes desconcertantes. Um baú de tudo o que há de mais diverso e divertido na obra de Bandeira.
Literatura Brasileira / Poemas, poesias