Nápoles, Itália, século XVIII. Ela, uma jovem senhora da sociedade; ele, um castrado que arrebata o públicocom seu virtuosismo e sua beleza perfeitamente feminina. Juntos, eles consumam uma fantasia erótica estranha e fascinante, entrelaçados pelo sexo e pela música.
Esta história de passa numa época em que um cantor de ópera podia tranquilamente descascar e comer uma laranja no palco, enquanto esperava sua vez de cantar. E não parecia estranho que marido e mulher formassem outros pares, ele com um jovem amigo, ela com um cantor castrado, todos apaixonados.
"A essência de todo enigma é uma pergunta, em última análise." Numa narrativa não-linear que combina a informalidade do registro coloquial e a prosa quase poética, Margriet de Moor vai à Itália do século XVIII para ambientar esse romance que transforma pequenas surpresas em perguntas.
O virtuosismo vocal de Gasparo se deve à mutilação do corpo. Sua arte é fruto de um assalto à natureza. Mas não há nenhum drama na vida de Gasparo. "Seu corpo é o que você é", diz a narradora. E ele, o castrato, é perfeito - na voz, na técnica vocal, na musicalidade, no modo como simula a mais bela das mulheres ao entrar em cena num papel feminino. O fascínio que Gasparo exerce no palco arrasta Carlota para uma fantasia erótica que não foge às praxes amorosas da época. Aqui os papéis sexuais podem ser mais fluidos, música pode ser desejo, conhecimento pode ser prazer, virtuosismo pode ser virtude. E "cantar é um comportamento íntimo que, contrariando a regra, não se guarda em segredo".
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