Montamos nas motos e pilotamos pra lá. No caminho passamos por mais um maldito. Léo jogou a moto sobre ele, derrubando-o. A moto deu uma derrapada, mas Léo conseguiu continuar tocando. Nunca tínhamos corrido tanto. Estávamos tão preocupados com o destino que esquecemos do trajeto: era domingo em Belo Horizonte. Domingo em BH é sinônimo de Feira Hippie da Afonso Pena. Tradicional há mais de quatro décadas, o evento acontece todos os domingos. A feira é a maior do gênero em espaço aberto em toda a América Latina e reúne, mais ou menos, três mil expositores para um público de cinquenta mil pessoas. Ou seja, a feira é um banquete para os malditos. Ao nos aproximarmos de lá, desviamos o caminho pela rua dos Guajajaras. Atravessamos o cruzamento a mil. Pelo retrovisor, percebemos o flash de luz do radar. E aquela multa da BHTrans nunca chegou. O centro de BH sempre guardou certa semelhança com filmes de apocalipse zumbi, por seu amontoado de pessoas, mas agora o risco era mais do que uma de minhas divagações...
Horror / Literatura Brasileira