O Prisioneiro da Montanha

O Prisioneiro da Montanha Fidélis Dalcin Barbosa


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O Prisioneiro da Montanha





Com elementos de típico folhetim televisivo, sob medida para cinema e televisão – com final feliz e tudo – O PRISIONEIRO DA MONTANHA é ambientado nos estados de Santa Catarina e Rio Grande do Sul. A intenção do autor é levar ao leitor, com descrições riquíssimas, as belezas da região dos Aparados da Serra, a grande cadeia de montanhas e cânions existentes na fronteira dos dois estados sulinos. Até hoje, os Aparados são um importante ponto de turismo ecológico do Rio Grande do Sul – a região pode ser acessada através dos municípios de Cambará do Sul e São José dos Ausentes.
A história começa em 1902, no Sudeste Catarinense, e vai até 1919, em um trajeto que, antes de passar pelos Aparados da Serra, passa pela cidade de Tubarão, em Santa Catarina.
Pedro Uliana é filho de imigrantes italianos de Nova Treviso, região de Urussanga, no Sudeste catarinense. Ainda jovem, ele começa a incorporar o espírito aventureiro, ao tomar parte nas expedições bugreiras, de caça aos índios hostis – os botocudos e caigangues, ou “bugres” – que invadiam, assaltavam propriedades rurais e, não raro, faziam vítimas fatais. A família de Pedro fora vítima de uma incursão de “bugres”, logo no início do livro, que por pouco não vitimou suas irmãs.
Durante essas expedições, Pedro toma gosto pela vida de aventuras pela floresta, mas não dura muito tempo: o pai de Pedro resolve mandar o filho para estudar em Tubarão, na esperança de vê-lo se tornar “doutor”. A princípio, Pedro fica contrariado, mas, com o tempo, se afeiçoa aos estudos no Colégio São José das Irmãs da Divina Providência. Lê romances célebres com gosto, sendo seu preferido o Robinson Crusoé de Defoe.
E, mais que isso: arranja uma namorada na cidade. Ele, que trabalhava em um armazém para pagar a pensão, apaixona-se por Maria Helena, filha do tabelião local – logo, uma moça de condição social superior. Mas o rapaz é correspondido em sua paixão, e a moça, apesar de muito disputada pelos rapazes locais, declara a Pedro que nunca casaria com outro rapaz a não ser ele. E, como prova de amor, Pedro promete trazer a Maria Helena – que gostava de ouvir as narrativas de Pedro a respeito de sua vida de aventureiro – uma pele de onça caçada por ele.
O sofrimento de Pedro começa por causa de um rival, Hélio, que também disputava a atenção de Maria Helena. Durante uma festa na vila, ocorre um crime, e Pedro, por conta das maquinações de Hélio, acaba acusado, apesar de ser inocente, e preso. Mas consegue fugir, graças a um dos guardas da prisão, que conhecia sua fama de gente de bem. E foge de Tubarão, de volta a Nova Treviso, mas apenas brevemente, para rever a família: Pedro resolve se refugiar no mato, temendo a perseguição da polícia. E sua andança para se esconder chega até a fronteira do Rio Grande do Sul, na região dos Aparados.
Pedro refugia-se no ponto mais alto dos Aparados – o monte do Realengo. Ali, em meio à esfuziante paisagem natural, encontra abrigo em um galpão abandonado, um refúgio para os criadores de gado. Aliás, perto dele estão algumas cabeças de gado, esquecidas por um criador de gado dos arredores. Porém, uma forte tormenta cai, naquela noite, na região, e uma enxurrada acaba cortando o acesso de Pedro para a base da montanha. O rapaz se vê, de repente, preso no monte, junto com as cabeças de gado. Isolado do restante do mundo, como Robinson Crusoé. E, por consequência, precisa prover sua sobrevivência no local, sujeito a chuva, nevoeiros, feras. Mas ele acaba se saindo bem.
Reunindo seus conhecimentos de mato quando foi bugreiro, Pedro, de início, provém seu sustento através da caça de aves da região e de água de um manancial ali próximo. Em princípio, sem armas, mas, depois, consegue fazer para si um arco e algumas flechas. Com um único grão de milho, achado em seu paletó, Pedro consegue fazer uma plantação que complementa preciosamente sua dieta – mas a espera pela safra é penosa. O pior é a falta de sal para temperar a carne de caça.
Um dia, ele presencia uma luta entre um dos touros que ficou preso com ele, e uma onça – popularmente conhecida como “tigre” no Rio Grande do Sul. O touro acaba levando a melhor – e Pedro aproveita a pele da onça morta para fazer roupas para si. Depois, cria os filhotinhos abandonados da onça. Depois que crescem, os “tigres” criados em cercado acabam sacrificados. Um deles fornece a pele prometida para a amada Maria Helena – que, assim como a família do rapaz, não sai dos pensamentos de Pedro.
Ali, na montanha, isolado do mundo, Pedro provém sua vida da melhor maneira, por tentativa e erro: aumenta seu abrigo, construindo uma casinha e um forno com tijolos fabricados por ele mesmo; cria animais – incluindo o gado que ficou preso com ele na montanha, que lhe fornece leite, com o qual consegue fazer até queijo; faz utensílios de cozinha com barro e madeira; conta o tempo através de marcações em pedaços de madeira; cozinha pães e até bolos com o milho que cresce em sua “propriedade”; faz orações para uma Nossa Senhora de madeira que ele mesmo esculpe em madeira – e, como bom imigrante italiano religioso, agradece a essa imagem pela maioria de seus sucessos. Vive, desse modo, como um Robinson Crusoé gaúcho, tendo apenas o trabalho e a paisagem idílica como forma de se entreter.
E, mesmo no início do século XX, de uma forma geral, não havia mesmo muita opção para uma pessoa se entreter no Rio Grande do Sul rural, já que os primeiros aparelhos de som – toca-discos, gramofones e aparelhos de rádio – não haviam sido popularizados, que dizer da existência, na época, de televisão e computadores, crianças.
Até que, um dia, Pedro começa a ter sonhos frequentes com um estancieiro gaúcho, que revela ao rapaz a existência de um tesouro escondido ali próximo. O sonho o incomoda bastante, até que ele decide ir ao local indicado pelo sonho. E acaba encontrando, perto da fonte de água, uma fortuna em ouro, provavelmente escondida durante uma das guerras ocorridas no Rio Grande. Tudo o que restará a Pedro, agora, é arranjar um jeito de descer o monte, abandonar seu pequeno paraíso e os animais que fizeram-lhe companhia todo esse tempo. É penoso, mas o momento lhes é favorável.
Conseguirá Pedro sair da montanha? Conseguirá ele rever sua família? E Maria Helena, terá ela se casado ou ainda estará esperando pelo amado?
A narrativa de Fidélis Barbosa é meio arrastada no início, como que a preocupação do autor fosse a de não perder muito tempo e ir logo para o clímax. Por isso, a impressão de que os capítulos iniciais da saga de Pedro, bem como a parte passada em Tubarão, passam muito rápido, antes do leitor poder assimilar os acontecimentos. O grosso da narrativa concentra-se na vida de Pedro na montanha, onde os acontecimentos são fortemente detalhados e minuciosamente descritos, com um bom domínio do suspense. Não há de se esperar mais do final que um final feliz, mas não hei de adiantar aqui o que acontece.

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QUE LIVRO INCRÍVEL

Meu Deus, se vc está lendo isso, por favor, LEIA ESSE LIVRO! Ele conta sobre a vida de Pedro Uliana, um jovem de Nova Treviso/SC. Foi o melhor livro que já li na minha vida! Quando ganhei do meu tio, logo me despertou uma vontade de ler, e não foi em vão!BOA LEITURA! ??? Obs: esse livro é baseado em uma história real!!!... leia mais

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