Ano 1519. De Sevilha, partem cinco navios que singram os mares sob o comando de Fernão de Magalhães. A viagem durará três anos. Em busca de uma passagem que o leve da América do Sul ao Oriente, Magalhães terá que enfrentar motins, tempestades, frio polar, doenças e confrontos com populações nativas rumo ao seu destino final: as fabulosas Ilhas das Especiarias. Mas os eventos terão um rumo inesperado. Fernão de Magalhães é a história da primeira circum-navegação do globo, narrada pela voz de Juan Sebastián Elcano, um dos poucos que voltaram para casa a bordo da única nau sobrevivente. Elcano colherá os louros do sucesso em detrimento da memória de Magalhães, morto na sombria ilha de Mactan (nas Filipinas) em circunstâncias dramáticas. Uma jornada não apenas física, mas também da alma, escrita em uma linguagem que parece se tornar mais primitiva à medida que a expedição avança em direção a terras cada vez mais desconhecidas e selvagens.
Fernão de Magalhães - A magnífica história da primeira circum-navegação da Terra
Gianluca Barbera
A Odisséia de Magalhães
Uaaaaau, que experiência boa... feliz por ter encontrado esse romance de ficção histórica, que narra a expedição que alçou Fernão de Magalhães ao panteão dos grandes vultos da era dos descobrimentos, e eu explico: em 1519, numa época em que as viagens ultramarinas eram realizadas com uma bússola na mão e a estrela polar no céu, quando não existiam mapas além do Atlântico e as travessias não garantiam a certeza do retorno, o Almirante português, a serviço da coroa espanhola, propõe a descoberta de uma nova rota até as Índias, realizando pela primeira vez uma volta completa no planeta - a circum-navegação, quando ainda havia quem acreditasse que a Terra era plana! Para tal, precisou recrutar uma tripulação suficientemente louca para aceitar tal desafio - zarpar da Espanha às Índias na direção oposta, sem data pra voltar. Basicamente, os voluntários eram marinheiros interessados em fugir dos agiotas, simplesmente chutar a dona Maria ou as duas opções. Ou seja, só marinheiro raiz. A narrativa é feita em primeira pessoa por Juan Sebastian Elcano, um dos timoneiros contratados. Desde o início, ele descreve o Almirante como uma figura notável, que, aos 37 anos, já havia acumulado 12 anos ininterruptos de viagens pela armada portuguesa, e por isso, dominava como poucos a ciência da navegação, o segredo dos ventos e a arte da liderança. Magalhães, após receber da coroa espanhola os recursos para montar sua esquadra, cuidou pessoalmente de cada detalhe e selecionou cada homem dos cinco navios sob seu comando. E, depois que a frota zarpa rumo ao Atlântico, virei um tripulante a perambular pela nau capitânia, sentindo o ranger das madeiras no convés e o sal das brisas marinhas acumulado no rosto. A primeira parada da expedição após cruzar o Atlântico ocorre em terras brasileiras, precisamente no interior da Baía de Guanabara, onde se deparam com tribos indígenas locais. E, após oferecerem escambos com espelhinhos e canivetes, esse choque de civilizações acabou se transformando num tremendo carnaval fora de época, pra alegria dos marujos e das nativas guaranis. Contudo, vencida a costa brasileira, acabaram-se as matas verdes e o clima de paraíso na terra, prevalecendo o mar revolto da latitude 39 sul, com paisagens áridas e o minuano impiedoso castigando o moral dos tripulantes, levando-os a conspirar contra a obsessão do almirante em encontrar uma passagem desconhecida que os permitisse contornar o continente e voltar às águas quentes a oeste. Entre motins, traições, deserções e assassinatos, a expedição seguiu seu périplo, e, já no Oceano Pacífico (assim batizado por eles), após meses sem encontrar terra, com o estoque de comida no fim e a tripulação definhando com escorbuto, finalmente alcançam as nações do leste asiático que dominavam o comércio de especiarias. E, antes de rumarem de volta à Europa, ainda iriam enfrentar tretas de todo tipo, mas daí pra frente vira pura história, já devidamente registrada nas enciclopédias. Em resumo, uma leitura fluida, que vai agradar aos que amam olhar para o mar, imaginando o que haveria de mistérios reservados além da linha do horizonte. Marujos entenderão.
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