“Este livro é uma contribuição original e inovadora no campo das ciências humanas. Mirian Goldenberg realizou entrevistas sobre a identidade feminina, tomando como referência uma situação de transgressão. O papel da Outra tem sido, dentro de nossa cultura, marcado pela idéia de pecado, mobilizando acusações e discriminação. Há sinais evidentes de que essa experiência é bem mais comum do que a moral oficial faz acreditar. Este material só poderia ter sido coletado por uma pesquisadora dedicada e sensível.” (Gilberto Velho).
Na hierarquia dos valores das Outras, a melhor situação é a da esposa com um marido fiel; seguida da Outra com um amante fiel; da mulher que está só e, por último, da mulher casada com um marido que tem a Outra. Para elas, a pior condição é a da esposa que não tem uma vida sexual com o marido nem outros prazeres, apenas obrigações com os filhos e a casa. Elas preferem ser as Outras a serem sós, mas preferem ser sós do que mal acompanhadas por um parceiro infiel. As Outras se percebem como as únicas, pois acreditam que o amante não tem relação sexual com a esposa. A fidelidade do amante é um valor tão fundamental que, sem ela, o relacionamento não sobreviveria. As Outras acreditam, ou precisam acreditar que são únicas, especialmente no domínio sexual. Um tema polêmico e apaixonante que a antropóloga Mirian Goldenberg enriquece com análises e depoimentos preciosos.